sexta-feira, 13 de março de 2015

O Batismo de crianças pela Igreja Católica


Mais uma acusação de heresia extraída do blog Resistência Católica, para nos ajudar na formação deste artigo. Segue abaixo o questionamento levantado.
2ª heresia: Batismo de criançaRefutação: Mt 3.1-12, o texto diz que o BATISMO, deve ser para o ARREPENDIMENTO!Nota: Pode um bebezinho ainda no “colo” dos pais, se arrepender de algo?

Uma das questões mais recorrentes entre os protestantes para tentar desmoralizar os dogmas católicos, é afirmar que a Igreja comete erros ao batizar crianças visto que estas não possuem o discernimento necessário para decidir o caminho a escolher. Além disso, procuram questionar (como sempre), quais seriam as bases bíblicas para este ato da Igreja. Argumentam ainda, que o respaldo para o batismo de adultos, encontra-se na passagem do batismo de Jesus, alegando que este recebeu o sacramento somente aos 33 anos. Neste artigo, vamos demonstrar com argumentos teológicos e filosóficos esta afirmativa que gera tantos questionamentos, iniciando com a explanação sobre o significado do batismo segundo a fé católica, passando posteriormente pela análise das escrituras e os fundamentos lógicos deste ato.
Muito bem, deve-se antes de tudo, explicar o significado do batismo para a Igreja. O batismo, consagra e estabelece oficialmente o ingresso da pessoa na vida cristã com o perdão do pecado original e admissão no reino de Deus. É simultaneamente, a transição para uma vida de conversão tal como pregada por São João Batista nos tempos de Jesus e um chamamento para a missão segundo a palavra de Deus encarnada, ou seja, o próprio Jesus (Mt 3,17). Pelo batismo somos incorporados ao reino de Deus, somos adotados por este e diante do seu altar nos comprometemos pessoalmente ou através de pais e padrinhos a trabalhar pela construção deste reino, assim afirma o Sagrado Magistério através do Catecismo da Igreja (CIC § 1267 a§ 1271).
A partir de agora já podemos passar para a análise mais aprofundada desta questão. Vamos apresentar inicialmente, nossa argumentação com base nas Sagradas Escrituras, apesar de mais uma vez reforçar que os dogmas católicos estão fundamentados numa união tríplice que contempla as Sagradas Escrituras, Sagrada Tradição e o Sagrado Magistério, ou seja, vamos utilizar nesse primeiro momento apenas as passagens da bíblia para fundamentar este ensaio. Cabe observar que não existe qualquer passagem bíblica que defina a idade mínima para o batismo. Na verdade, o primeiro batismo efetivamente cristão foi o que o próprio Cristo recebeu de São João Batista às margens do Jordão (Mateus 3). Nesse momento inaugura-se por assim dizer, este sacramento de forma genuinamente cristã. Desde então, Deus abriu a porta para a nova vida em cristo, marcando com seu batismo essa entrada.
Ao longo de sua vida pública, Jesus convocou e “treinou” por assim dizer, algumas pessoas a fim de que estas pudessem dar continuidade à missão de evangelização e levar a verdade a todas as nações. Antes de sua ascensão, Ele oficializou essa missão: “Ide e fazei discípulos meus todas as nações batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19), portanto, foi o próprio Jesus que ordenou o batismo com a invocação à Santíssima Trindade. Como os discípulos, foram as primeiras testemunhas da palavra e a eles foi dada a missão de fundar a Igreja de Cristo, assim também é por eles e seus sucessores que deve acontecer o batismo efetivo tal qual desejado por Nosso Senhor. Ocorre, então que apenas o batismo Católico possui efetividade, uma vez que vêm dos próprios apóstolos, e não de uma seita criada a partir do Século XVI que modificou o rito praticado a mais de 1.500 anos.
Um segundo ponto à ser analisado sobre as escrituras, nesse sentido, é que apesar de não haver qualquer ordenação bíblica sobre a idade mínima para o sacramento batismal, algumas evidências nos levam a crer que todos devem ser admitidos no reino independente da idade. Por exemplo, na passagem descrita em Atos 10,44-48, observa-se que após a descida do Espírito Santo sobre o centurião Cornélio, toda a sua família foi batizada, ou seja, não há qualquer menção sobre a restrição com relação à idade dos que foram batizados. Um segundo ponto à ser observado, é que este fato não isenta a responsabilidade dos pais em batizarem seus filhos recém-nascidos, na verdade, as crianças devem desde cedo receber este sacramento para que sejam libertos do pecado original, e para que possam ser admitidos na família de Deus que é a Igreja, pois o próprio Jesus ordenou que as crianças viessem até ele (Lc 18,16).
Na tradição judaica, 8 dias após o nascimento, as crianças do sexo masculino recebiam a admissão oficial ao povo de Deus através da circuncisão e apresentação no templo. Segundo a antiga aliança, o sinal da comunhão com Deus se dava na carne, porém, com a paixão de Jesus o sinal da aliança na carne, passou a ser marcado pela crucificação de Nosso Senhor. A admissão ao povo agora não depende mais da circuncisão, mas da conversão e purificação do pecado original pela água, tal como no dilúvio. A tradição judaica admitia portanto, as crianças nos seus primeiros dias de vida ao povo de Deus e porque hoje teria de ser diferente? Se utilizarmos a passagem do batismo de Jesus ao pé da letra para determinar a idade mínima deste sacramento, seria necessário que todas as crianças cristãs fossem circuncidadas no oitavo dia de vida e aos 33 anos (se sobrevivessem até lá) batizadas.
Se nos primeiros dias de sua vida, as crianças não possuem o conhecimento necessário para se submeterem ao batismo, sua promessa de conversão e missão podem ser feitas pela boca dos pais e padrinhos que depois serão os responsáveis pela condução deste filho na vida cristã. Acaso uma mãe de um recém-nascido, quando este chora de fome, aguarda a chegada deste filho à maturidade para que o mesmo possa discernir quais alimentos os serão necessários? O mesmo raciocínio é valido para as crianças que serão batizadas, o tempo de escolha ocorrerá de fato até que este seja confirmado pelo sacramento da crisma, mas este assunto será tratado em outro post. Por ora, vale entender que a Igreja sempre batizou as crianças pois conhece a necessidade da purificação destas do pecado original e de sua formação católica ao longo da vida com auxílio dos pais e padrinhos.

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