Estaríamos retroagindo, ao labutar em pleno século XXI, por este modelo familiar?
A
votação do Estatuto da Família na Câmara de Deputados suscitou
inúmeros debates e descontentamentos principalmente por parte da ala
da Casa chamada de “progressista”. Em que pese o teor das
discussões, com base nos argumentos apresentados por ambos os lados,
e que já foram exaustivamente debatidos neste blog; muitos
insatisfeitos com o resultado, ainda postulam pelo alargamento do
conceito de família estabelecido, contrariando aquele definido no
preâmbulo do dito Estatuto, para que este possa abranger também
outros arranjos, alegando que o modelo dito “tradicional”, já
estaria ultrapassado, e sendo assim, não representaria mais na
sociedade, a moderna concepção de família. A principal discussão,
gira em torno das uniões homoafetivas.
Não
entraremos no mérito da discussão do Estatuto, cujos pontos já
foram discutidos em outro post, porém, no que concerne ao conceito
de família, seria possível dizer que em função das mudanças
sociais o modelo formado por um casal heterossexual seria
ultrapassado conforme alegam alguns? As mudanças ocorridas no mundo
devem ser acompanhadas também pelas novas formas de união? A
História demonstra que relações entre pessoas do mesmo sexo
estiveram presentes em várias culturas e épocas, e portanto, não se trata de algo
típico de nossos tempos, porém, é fato consumado que entre as civilizações nas quais esta prática esteve presente, sempre predominaram
paralelamente, as relações desreguladas, onde o prazer deveria ser
alcançado acima de tudo; a cultura hedonista preponderava nestas
sociedades [1]. Até mesmo o Apóstolo Paulo, levantou esta
problemática em alguns trechos específicos da escritura, quando se
dirige aos pagãos [2].
No
limiar do Século XX, era consenso entre grande parte de nossa Sociedade, o entendimento de que as relações sexuais deviam ser
direcionadas à formação da família. Esta concepção não foi
formada repentinamente, mas se deu graças ao crescimento do
cristianismo, que ao longo dos últimos 2 milênios, expandiu no
mundo a concepção da sacralidade nas relações afetivas, bem como
o respeito mútuo no matrimônio [3]. Percebe-se ainda que a
concepção do sagrado e respeito entre cônjuges e filhos não era
muito comum na Roma antiga; segundo a legislação romana os filhos
poderiam ser vendidos ou mortos conforme a deliberação do próprio
pai [4]. Durante a década de 1960, em virtude da ascensão dos
movimentos de revolução sexual, novamente abriram-se as portas para
a destruição do modelo predominante, e este veio se esfacelando ao
longo dos anos, de modo que em nossos dias, a sacralidade do
casamento está sendo abandonada paulatinamente, em detrimento da
nova ascensão da cultura hedonista.
Nossa
sociedade pós-cristã, vai aos poucos se
retroagindo e se tornando cada vez mais parecida com a romana pagã,
anterior
do cristianismo.
A
cultura judaico-cristã, fundamentada
na
concepção de que todo
ser humano possui uma alma, e que esta
portanto,
merece respeito independentemente da
legalidade,
vai sendo aos
poucos relativizada, num
mundo
em que o prazer supera a dignidade da pessoa. No
entendimento da sociedade atual, a
pessoa com quem me relaciono, ou a possibilidade de filho surgir
dessa
relação não tem
maior importância
que o ápice momentâneo do prazer carnal, levado a
cabo
por nossas concupiscências.
É o instinto animal superando a alma racional, ou
em outras palavras, é
fazer uso
que há de comum entre os animais brutos
(apetite
concupiscível), sem lançar
mão
do
que
nos diferencia das outras criaturas
(razão).
As
famílias chamadas de monoparentais, constituídas de um só homem com filho, tios com sobrinhos entre outros, muito comuns em nossos dias, tem como origem a união entre pessoas de sexo diferentes, e portanto, não representariam uma mudança ou troca de
papéis nas relações naturais, assim reconhecidas como aquelas que
são passíveis de geração de vida, e por este motivo, também foram contempladas no Estatuto. Diante das
argumentações abordadas, pode-se afirmar que embora muitos postulem
pela modernização da família, não se pode escapar dos registros
históricos que muito claramente demonstram a importância da
sacralidade no matrimônio e o respeito ao outro,
que
só é possível em nossos dias porque o cristianismo, base da
civilização ocidental.
O
afastamento do homem e sua relação com Deus, não terá outro
efeito senão
o
fim do
respeito pela
vida humana.
Que Deus nos ajude a vencer esta difícil batalha em favor da família
e do respeito à vida.
REFERÊNCIAS
2.
Romanos 1,27/1 Coríntios 6,9-13
3.
Colossenses 3,18-21
4.http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/12tab.htm
(ver quarta tábua)