segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Há cura para o analfabetismo funcional brasileiro?

Quando a liberdade é confundida com preconceito


   Recentemente, os holofotes da mídia nacional voltaram-se à polêmica criada em torno da decisão do Juiz Federal da 14ª Vara do Distrito Federal, que concedeu liminar a qual deixa em aberta a possibilidade para que psicólogos ofereçam terapia de orientação sexual. A demanda foi originada de uma Ação Popular movida contra o Conselho Federal de Psicologia, objetivando a suspensão dos efeitos da Resolução nº 001/1999 que impedem o desenvolvimento de pesquisas, estudos e atendimentos acerca dos comportamentos e práticas homoeróticas. Essa decisão, promove uma interpretação mais adequada daquela Resolução, entrando em acordo com os princípios da Constituição, no sentido de não privar o profissional de estudar ou atender aquelas pessoas que venham em busca de orientação em relação à sua sexualidade [1].
   Bastou o assunto tornar-se público, para que se levantassem aqueles que consideraram tal decisão como uma afronta aos direitos homossexuais, por propor uma “cura” à tendência daqueles que sentem atração por pessoas do mesmo sexo. Logo em seguida, muitos aderiram às campanhas disseminadas pelas redes sociais, especialmente no Facebook, mudando a aparência do perfil para a bandeira do Arco Íris, símbolo utilizado pelo movimento LGBT, com os dizeres: “Não há cura para o que não é doença”. Apesar do alarde, foram poucos aqueles que realmente se deram conta do teor daquela decisão liminar exarada pela 14ª Vara do Distrito Federal. A maioria sequer interpretou o documento, mas automaticamente tomou as informações apresentadas como verdadeiras sem sequer dar-se ao trabalho de ler o conteúdo da decisão.
   É importante perceber que muitos daqueles que interpretaram esta decisão de forma equivocada, são justamente os mesmos que bradam aos quatro cantos a tão almejada “liberdade”. Na decisão publicada, não há qualquer menção à “cura gay”, pelo contrário, em várias partes da decisão liminar é evocada a necessária compatibilidade do trabalho desenvolvido pelos profissionais da área (psicologia), com os princípios éticos e da dignidade humana, de modo especial, a censura contra qualquer tipo de preconceito que possa ser praticado no âmbito do exercício da profissão.
   Não é possível ainda identificar se a mídia secular está sofrendo de um problema crônico de analfabetismo funcional ou se procura, de forma tendenciosa, direcionar uma parcela do público, especialmente aqueles que sofrem de preguiça intelectual, para manter a censura imposta aos profissionais e interessados na terapia de (re)orientação sexual. Que problema há de tão grande em uma pessoa que não satisfeita com os seus desejos íntimos em sentir-se atraída por indivíduos do mesmo sexo, buscar um profissional para compreender melhor sua situação ou sair dela se assim o desejar? Qual a dificuldade em compreender que os cientistas e pesquisadores da área, devem ter liberdade para estudar as variáveis decorrentes da sexualidade e assim contribuir para o conhecimento nesta área?
   É por isso que exortamos os leitores desta página, neste tempo, mais do que nunca, buscar informações por si próprios e abandonar as notícias prontas, para que assim sejam livres da armadilha imposta de forma generalizada pelos meios de comunicação, que sempre procuram apresentar seus próprios conceitos sob uma aparência da verdade. Não se pode aceitar o cerceamento da liberdade daqueles que procuram assistência na sua sexualidade, se há aqueles que querem permanecer na homoafetividade, que não prejudiquem aos que não o querem.

REFERÊNCIAS
1.https://d2f17dr7ourrh3.cloudfront.net/wp-content/uploads/2017/09/ATA-DE-AUDI%C3%8ANCIA.pdf

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