terça-feira, 22 de setembro de 2015

O Papa, o aborto e a excomunhão

Esclarecimento sobre a polêmica criada em torno da iniciativa do Papa referente ao perdão do aborto no Ano Santo


   Alguns dias atrás, a mídia secular noticiava com grande empolgação o ato de misericórdia promovido pelo Papa Francisco ao finalmente abrir as portas da Igreja para as mulheres que praticaram o pecado do aborto. Aproveitando a antecipação do ano Jubilar que se iniciará no dia 08 de Dezembro deste ano, abrir-se-ão as possibilidades de readmissão à Santa Igreja, daquelas pessoas que direta ou indiretamente promoveram o aborto e foram por este motivo excomungadas. É necessário através deste artigo, esclarecer esta e outras situações para que se possa compreender qual o efetivo desejo do Santo Padre e da Igreja ao abordar este tema tão delicado que muitas vezes é utilizado pelos sensacionalistas para fazer frente as suas ideologias nefastas.
   Em primeiro lugar, para tratar do tema com mais aprofundamento precisamos analisar o contexto atual deste pecado no mundo. Em função da já difundida cultura da morte em nosso meio, através de uma estratégia bem implementada, partindo dos pesados investimentos realizados por Fundações Internacionais interessadas em promover o controle totalitário sobre a sociedade, e passando pela disseminação da propaganda feminista instrumentalizada pela esquerda, aos poucos o aborto deixou de ser algo negativo. Vários países deixaram de considerá-lo como crime passível de punição, e pela pressão de grupos externos nos meios legais, passou-se inclusive à ser exigido como um suposto “Direito Humano”.
   A Cultura atual considera inclusive um ser humano como objeto descartável e sem direito à própria vida, e sendo assim, este fica à merce da escolha da mãe em levar a gestação adiante ou interrompê-la. O direito de escolha da gestante portanto, prevalece sobre o da vida que ali está em formação e já pode ser considerada autônoma e independente desde o momento da fecundação [1]. O caso encontra-se num grau tão deplorável que aos poucos, o mundo vai se acostumando com este erro de modo que a maioria das pessoas sequer arrependem-se de ter cometido esta falta tão grave contra Deus e contra a dignidade da vida humana [2]. O arrependimento é essencial para que ocorra a absolvição do pecado seja ele venial ou mortal.
   Sobre a excomunhão as pessoas que se envolveram com o aborto, vejamos o que diz o Catecismo da Igreja:
A cooperação formal para um aborto constitui uma falta grave. A Igreja sanciona com uma pena canônica de excomunhão este delito contra a vida humana. "Quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae" "pelo próprio fato de cometer o delito" e nas condições previstas pelo Direito. Com isso, a Igreja não quer restringir o campo da misericórdia. Manifesta, sim, a gravidade do crime cometido, o prejuízo irreparável causado ao 'inocente morto, a seus pais e a toda a sociedade” (CIC § 2272).
   Portanto, a participação direta ou até mesmo a cooperação para este atentado contra a vida, tem como sentença automática a excomunhão. Ocorre que muitas vezes, inclusive até mesmo por conta da ideologia difundida, as pessoas apesar de serem católicas continuam a frequentar as missas e até mesmo a receber a eucaristia pensando ainda participar da Santa Igreja sem qualquer arrependimento em relação ao ocorrido. Hoje, pouco se fala nestes fatos, e até mesmo por conta do pensamento politicamente correto, muitos sacerdotes evitam utilizar até mesmo o termo "excomunhão" ou citar casos passíveis desta pena.
   Conforme a exigência da Santa Igreja, este tipo de pecado, somente admite a reintegração à Santa Igreja através de uma confissão específica com autoridade do Bispo local ou sacerdote legitimamente designado para tal absolvição. O que o Santo Padre fez na verdade, foi abrir exceção para que durante o ano santo, qualquer padre possa conceder o perdão dos pecados daqueles que praticaram o aborto, desde que estes se arrependam de coração e tomem como propósito não mais cometer o erro. Este ato representou sobretudo, um chamamento àqueles que cometeram tal pecado para que retornem à Santa Igreja, além disso, muitas pessoas cometeram este erro por pressão ou outros motivos, e portanto, sentem-se arrependidos e tem dificuldade inclusive de se perdoar perante este erro.
   Em alguns casos, as pessoas cooperaram com o assassínio de inocentes por conta da ideologia disseminada em seu meio, mas quando presenciaram o horror de um aborto, sentiram-se arrependidos. Isto não é tão incomum quanto parece, inclusive, verificamos com certa frequência no blog do Padre Paulo Ricardo, o testemunho de pessoas que depois de assistirem a um aborto, largaram tudo para defender a vida e hoje dão testemunho perante os outros. Apesar disso, o ponto central deste atitude do Papa não foi outra coisa senão lançar um grande grito para o mundo ao dizer que o aborto ainda é um pecado, tanto assim foi que, algumas ex-freiras e hereges criticaram a atitude do Sumo Pontífice afirmando que a Igreja não pode interferir na decisão das mulheres em interromper a gravidez [3]. É óbvio também que a mídia secular se aproveitou dessa informação para disseminar a mentira de que a Igreja estaria abrindo as suas portas para o aborto. Nada mais equivocado!!! por isso, cumprimos a nossa missão de manifestar a verdade a todos os que a buscam de coração. Que Jesus misericordioso nos ilumine nessa caminhada.

Jesus Misericordioso, eu confio em Vós!

REFERÊNCIAS
1.http://www.comshalom.org/ciencias-biologicas-afirmam-vida-humana-comeca-concepcao/
3. http://ocatequista.com.br/archives/16024

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