domingo, 5 de novembro de 2017

Os frutos dos 500 anos da “Reforma”



É possível comemorar a revolução protestante diante dos frutos gerados pelo levante?


   No último dia 31, foi comemorado no mundo protestante, os 500 anos do levante de Lutero contra a Igreja Católica ao pregar na porta da Capela de Wittemberg, 95 teses que questionavam alguns preceitos milenares da Santa Igreja. Desde então, o cisma ganhou força e o protestantismo se espalhou por grande parte da Europa e posteriormente, atingiu o mundo Ocidental que há muitos anos se estabelecia no fundamental ensinamento Cristão Católico. A partir disso, que conseqüências foram geradas por esta grande cisão dentro da Igreja que levou um grande número de pessoas a aderirem aos ensinamentos de Lutero e seus asseclas?
   Não se pode fazer uma análise completa a respeito dos frutos gerados pelo levante do protestantismo, sem considerar os principais dogmas encabeçados então pela corrente teológica luterana. Os chamados “Solas” de Lutero foram cruciais para que 1500 anos de árdua evangelização e lutas contra heresias, todas elas destruídas por grandes mentes da escolástica e da patrística como Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, Santo Atanásio entre outros, fossem colocadas abaixo em questão de anos, e que poderiam ter sucumbido com a fé autêntica dos apóstolos não fosse o trabalho árduo da Igreja a partir do Concílio de Trento, considerado o mais longo da história, e a promessa do próprio Cristo quando este afirmou que as portas do inferno não prevaleceriam contra a mesma (Mt 16,18).
   Os dogmas e questionamento de Lutero, os quais constituíram posteriormente a base do protestantismo, não teriam força se não estivesse disseminada, em seu tempo, uma corrente filosófica compatível com seu pensamento. O nominalismo, vertente filosófica de Guilherme de Occam, destruiu o conhecimento escolástico que vinha sendo estabelecido dentro dos mosteiros, de forma muito particular a metafísica. Neste ínterim, a disseminação dos erros do protestantismo sobre grande parte do continente europeu seria apenas questão de tempo.
   O dogma do Sola Scriptura, afirma que apenas a Sagrada Escritura é fonte de autoridade de fé entre os cristãos. Com isto, renega-se o Magistério e a Tradição como determinantes, unidos à Escritura no estabelecimento da regra de fé para unidade com a Igreja. O problema se amplia quando este dogma se une ao livre exame das escrituras, que também veio alinhado com o primeiro na revolução protestante. A explosiva união destas duas concepções gerou, por conseguinte, mais divisões até mesmo entre os protestantes que hoje sequer chegam ao consenso no que diz respeito aos aspectos básicos da fé: alguns, por exemplo, afirmam segundo sua própria interpretação da bíblia que o dia dedicado ao Senhor é o Sábado e não o Domingo, outras admitem o divórcio e até mesmo casamento gay já é possível entre algumas denominações protestantes.
   Outro dogma que fundamentou o levante é o Sola Fide, este derivado do Sola Sciptura, que se fundamenta na concepção de que apenas a fé é capaz de salvar um cristão, não sendo necessárias as obras de penitencias, especialmente as indulgências como forma de reduzir as penas temporais, mas somente a fé. Interessante observar que todos estes pressupostos são facilmente derrubados pela própria escritura que afirma entre outras coisas, ser a Igreja a autentica interprete da Escritura e sustentáculo da Verdade (I Tm 3,15), além de declarar a livre interpretação das escrituras como fonte de confusão (I Pd 1,20) e ainda, a esterilidade proveniente de uma fé que não se traduz em obras (Tg 2,26). Infelizmente, o relativismo e a confusão gerada hoje entre os protestantes têm como fonte a rebeldia de Lutero que assim como Satanás, revoltou-se contra Deus, precipitando no abismo dos infernos por sua conduta.
   Se é pela árvore que se conhece os frutos (Lc 6,44), podemos perceber as consequências derivadas da revolução encabeçada por Lutero. De um lado, um grupo numeroso de seitas que crescem a cada dia, tendo entre sim um único ponto de concordância: o ódio à fé Católica e tudo o que ela proporciona, e de outro, um número cada vez maior de pessoas caindo no ateísmo e no relativismo, pensando que sua forma de vida basta para agradar a Deus desde que tenha fé. Não se pode comemorar um infeliz desfecho destes, ainda mais vindo dos Católicos. Peçamos a Deus pela unidade dos cristãos.

 

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