Em meio à decadência moral e atual crise decorrente do choque cultural, o que se esperar do resultado das eleições presidenciais na França?
Com a eliminação do candidato
François Fillon nas eleições primárias, a disputa pela Presidência da França se
deu entre dois candidatos que se declaram abertamente favoráveis à manutenção
de políticas antinatalistas. Ao contrário da imagem que a mídia secular tentou
construir, tratando as eleições como uma disputa travada entre um candidato com
ideais progressistas (Emmanuel Macron) e uma candidata conservadora (Marine Le
Pen), restringindo o embate principalmente no âmbito das políticas migratórias,
o que se vislumbrou na prática, foi o alinhamento dos dois candidatos, pela
manutenção das políticas contrárias à vida desde a concepção.
Do resultado nas urnas, Emanuel
Macron, candidato considerado com ideais de centro, saiu vencedor. Mas diante
da atual crise que a França vem enfrentando, principalmente no que concerne ao
choque cultural resultante da imigração em massa à Europa, conjugada à queda na
taxa de fecundidade da população e à crescente secularização, o que se pode
esperar do futuro desta nação, que há muito tempo, já foi conhecida como um dos
pilares da Civilização Ocidental? Que consequências práticas a
vitória de Macron, e seu posicionamento favorável à continuidade das políticas
contrárias à vida e à família, bem como seu alinhamento à corrente conhecida
popularmente como “globalista” podem provocar a esta nação tão influente não
somente no continente Europeu, mas no mundo? Ainda não é possível responder
claramente, mas alguns dados que serão apresentados na sequência mostram quão
preocupante é o horizonte que se vislumbra a médio prazo.
A taxa de
fecundidade na França, segundo estatísticas recentes (2015), está em torno de
1,9 filhos por mulher, valor este abaixo da taxa de reposição, que deveria ser
algo em torno de 2,1 filhos por mulher. Comparando-se ao Brasil, onde o mesmo
índice apresenta uma média de 1,74 filhos por mulher, segundo dados do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), pode-se chegar até mesmo a
argumentar que a França está numa situação demográfica mais confortável que a
brasileira e a de outros países europeus como a Alemanha, cuja taxa de
fecundidade já alcançou algo próximo a 1,4 filhos por mulher. No entanto, a
grande preocupação centra-se na rapidez para que o país atingisse este nível,
de modo que este indicador passou de 2 para 1,9 em pouco mais de um ano, e já é
considerada pelos especialistas, como a pior taxa desde a Segunda Guerra
Mundial [1].
A França encontra-se atualmente em estado de alerta,
devido à frequência com a qual ataques terroristas, motivados pela intolerância
religiosa vem sendo realizados no país, com destaque para os atentados contra a
sede do jornal satírico Charlie Ebdo e à Casa de shows Bataclan em 2015, e
revelam grande preocupação em decorrência do choque cultura inerente à migração
em massa para a Europa. A França já é o país europeu com maior proporção de
islâmicos (7,5% da população), respondendo por aproximadamente 25% da população
islâmica em toda a Europa. Ademais, a taxa de fecundidade entre os islâmicos é
de aproximadamente 2,2 filhos por mulher contra 1,5 dos demais residentes, na
média do continente [2].
No que concerne ao
aborto, a legislação francesa já permite a realização do procedimento desde
1975, sendo que o mesmo pode ser realizado até as 12 semanas de gestação, por
razões sociais ou econômicas, julgando a mulher não ter condições de ser mãe,
sendo possível fazê-lo também após esse período, se identificada má formação.
Além da possibilidade de realizar o aborto, recentemente também foi aprovada no
Parlamento Francês, a criminalização de informações sobre alternativas ao
aborto, ou seja, veiculação de informações com conteúdo pró-vida, são passíveis
de punição [3].
O candidato eleito
Emmanuel Macron, considerado como liberal e progressista pela maioria dos franceses,
já se declarou pela manutenção das leis em relação ao aborto, bem como à união
civil entre pessoas do mesmo sexo, que desde sua aprovação em 2013, contou com
a rejeição de parte significativa da população francesa [4]. Macron também já
deu declarações favoráveis aos procedimentos de reprodução assistida a casais
homossexuais e mulheres solteiras [5]. Por fim, o candidato também se alinha
com as perspectivas da União Europeia, o que representa maior abertura aos
ideais estabelecidos no conjunto dos países que compõem o grupo, o que por si
só, já se configura uma possibilidade de se ampliar ainda mais a legislação
para o aborto, visto que a U.E, a exemplo da ONU, vem perseguindo assiduamente
os países que contrariam tal prática [6].
As eleições
francesas não representaram qualquer avanço em termos morais, haja vista a
proximidade de objetivos dos dois candidatos no que se refere às propostas
relativas ao aborto, de modo que ambos postularam pela manutenção
da legislação vigente, que já é bastante permissiva neste quesito. Ademais, a
vitória de Macron, considerado como o mais liberal nesta disputa, representa
também a possibilidade de avanço das medidas contrárias à vida e à família,
haja vista o seu posicionamento em relação à União Europeia. Sobre o futuro da França,
em meio à decadência dos princípios que construíram sua civilização, somente os
episódios que seguirão poderão demonstrar seus resultados.
REFERÊNCIAS
1.http://br.rfi.fr/franca/20160120-taxa-de-mortalidade-na-franca-atinge-o-pior-indice-desde-o-fim-da-segunda-guerra
4.http://www.semprefamilia.com.br/as-diferencas-de-le-pen-e-macron-sobre-aborto-lgbt-islamismo-e-outros-temas-morais/
6.http://www.catolicanet.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=8786:polonia-rechaca-ingerencia-da-uniao-europeia-e-nao-despenalizara-o-aborto&catid=86:lista-meio
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