Entre
dos pontos mais atacados pela doutrina protestante em nosso tempo
presente, estão sem dúvida aqueles que fazem referência à Santa
Mãe de Deus, entre os quais está o dogma da Imaculada Conceição
de Nossa Senhora. Não é incomum escutar questionamentos sobre o
embasamento bíblico para considerar Maria como uma mulher santa e
digna de orações dos fiéis aqui da terra. Também não é de se
admirar a discussão em torno destes argumentos já que para se
compreender os dogmas Católicos não basta somente a palavra de Deus
isoladamente, mas um entendimento profundo do contexto e da coerência
teológica que existe por detrás de cada mistério. Vamos apresentar
as respostas para este questionamento específico, através bases
lógicas expressas no Sagrado Magistério, e na obra principal de um
dos maiores doutores da Igreja de todos os tempos: São Tomás de
Aquino, através da Suma Teológica.
Em
que pese o reconhecimento prévio deste conceito teológico, muito
antes nas obras de São Tomás de Aquino e de outros patrísticos que
lhe precederam, este somente veio à ser declaradamente reconhecido
em 1854 pelo Papa Pio IX, mas nem por isso a comunidade cristã
deixou de reconhecê-lo nos períodos anteriores. De fato, não se
encontram vestígios explícitos deste conceito nas Sagradas
Escrituras, porém, essa mesma atesta que a mãe de Jesus recebeu uma
graça peculiar antes mesmo de conceber o Cristo quando o Anjo chama Maria de “Cheia de Graça”[1]. Ora, para que o verbo pudesse
habitar algum ventre na terra, este não poderia estar manchado por
qualquer pecado pois Deus não habitaria templo algum sujo pela
iniquidade.
Além
das Sagradas Escrituras, a Igreja conduz seus fiéis através do
Sagrado Magistério que esclarece o conteúdo apresentado pela
palavra de Deus. Sobre este dogma, o Catecismo atesta a lógica já
identificada anteriormente, qual seja, a de que Maria precisou ser
purificada do Pecado Original a fim de que este não fosse
transmitido através da carne ao Verbo Divino, nisto consiste o dogma
da Imaculada Conceição de Maria [2]. Essa questão fica ainda mais
clara sobre a observação de Santo Tomás de Aquino, senão vejamos:
"Ele é em efeito, o Verbo de Deus. Então, o Verbo é concebido sem corrupção alguma do coração, não somente isto, mas a corrupção do coração não permite a concepção de um verbo perfeito. Por consequência, como o Verbo tomou a carne para que fosse carne do Verbo, seria conveniente que também fosse sem corrupção a sua mãe."[3]
Perante
essa afirmação de Santo Tomás não restam dúvidas de que a
santificação do verbo, para salvar a humanidade do pecado,
necessitava de uma carne pura e livre do pecado original que seria
transmitido para o filho de Deus no caso da mãe ser manchada pelo
mesmo. Maria foi assim, Imaculada e argumentar contra isso seria o
mesmo que justificar a impureza do próprio Verbo.
No
que concerne a intercessão de Maria, que também é atacada pelos
irmãos separados, podemos argumentar da seguinte maneira. Na passagem
descrita em Mateus [4], Jesus envia os 12 apóstolos e lhes dá o
poder de curar os doentes, ressuscitar os mortos, purificar os
leprosos e expulsar os demônios. Ora, se o próprio Cristo deu este
poder aos discípulos aqui na terra porque isto cessaria após o
martírio dos mesmos? O que dizer então daquela que trouxe o Verbo
ao mundo? Não receberia essa graça ainda maior no céu junto ao seu
filho pois antes do Verbo convocar os seus Maria já era chamada a
participar da obra da Salvação.
Estas
são uma parte de várias explicações e conjecturas que podemos
fazer em torno deste tema que gradativamente vamos tratar aqui neste
blog. Por fim, vale lembrar que, todo o ataque incitado pelos
protestantes contra a Igreja, giravam invariavelmente em torno da
falta de compreensão sobre os fundamentos da nossa fé. Não se pode
julgar sem antes analisar, por isso, precisamos sempre nos
aprofundar. Que Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida seja
a nossa guia nesse Apostolado
Nossa
Senhora Aparecida, Rogai por Nós!
REFERÊNCIAS
1.
Evangelho de São Lucas 1,28
2.
Catecismo
da Igreja Católica §
491
3.
São Tomás de Aquino. Suma Teológica. III,
q.28,
a.1
4. Evangelho de São Mateus 10,8-10
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