segunda-feira, 6 de junho de 2016

Um mundo sem Deus

    
  
  Ao contrário do que muitos pensam, a guerra em favor da laicização (que está mais para "ateização") do Estado tem como fim último, mais do que a mera exclusão do pensamento religioso ou sua influência sobre os rumos da Sociedade. Antes de tudo, seus proponentes, que já excluíram Deus de suas vidas, ou à melhor maneira da filosofia de Nietzche:  declararam a morte de Deus para si, buscam através de uma luta ferrenha, derrubar qualquer presença, por mínima que seja, da religião na condução política, inclusive daqueles que tem concepções particulares de cunho religioso, e foram eleitos legitimamente pelo povo. Mas até que ponto a exclusão total da religião na sociedade, bem como na condução política pode influenciar nossas vidas?
   Num mundo que se afasta cada vez mais dos princípios básicos da dignidade humana,  que apesar de tantas críticas, sabe-se que foi basilar e precípuo na fundação da Sociedade Ocidental, deixando um legado importantíssimo que aos poucos vai se dilapidado, não é de se causar estranheza tamanha labuta pela exclusão completa da religião sobre a condução política da sociedade. Crer em Deus, significa antes de tudo, se submeter à sua vontade, e fazer tudo o que for do agrado Dele. Não há nada mais difícil que ser obediente nos dias atuais em que se alastra pelo mundo, uma cultura de completa anarquia.
   Um mundo sem Deus, é também um mundo sem a necessidade de se respeitar a lei natural e os limites das consequências de nosso atos. Se não há Deus, por que razão devo pensar antes de matar ou odiar alguém? Que motivo há em respeitar uma vida, quando eu posso destruí-la através do aborto? Não preciso me casar nem sequer me preocupar em ter filhos e quiçá educá-los!Enfim, sem Deus eu posso fazer o que quiser, então não há razões para que a sociedade siga os preceitos da lei que tem fundamento na religião. No entanto, os que assim afirmam, esqueceram que as raízes da religião Cristã foram responsáveis justamente pela manutenção e disseminação da concepção de dignidade da vida humana sobre os sistemas legais do Mundo Ocidental.
   Perceba o alcance de cada um dos itens anteriormente citados e a correspondência com as lutas daqueles que postulam pela separação extrema entre religião e o Estado. Quando se abolirem leis que tratem o aborto como ilegal por exemplo, as pessoas poderão ter relações abertas e independentes das consequências naturais da sua sexualidade, de modo que se "acidentalmente" ocorrer uma gravidez da relação, basta abortar, afinal o fim daquela relação era satisfazer a necessidade e não um filho. Neste caso específico, a satisfação momentânea, e o "Direito sexual e reprodutivo" da mulher deve prevalecer sobre a vida daquele que foi gerado. Se a relação sexual serve apenas como objeto de satisfação, então as pessoas fazem um acordo mútuo de se utilizarem como objeto durante um determinado período, mesmo ainda que muitas vezes isto signifique contrariar a sua composição biológica, afinal, se não creio que Deus me criou, que motivo há em respeitar a ordem se existe a possibilidade de me relacionar com quem quiser, ou até mesmo, com qualquer criatura que existe. No âmbito particular de cada ser humano, isso com toda a certeza não deve ser motivo para repressão, no entanto, quando se trata de impor estes preceitos aos demais através de teorias absurdas como a de Gênero, não devemos nos calar, uma vez que tal imposição, requer a substituição dos preceitos prevalecentes na sociedade, como a educação dos pais, em detrimento da difusão de uma teoria confusa, em nome do respeito à opção sexual. 
   É fato consumado que nossa civilização foi construída sobre os pilares da religião Cristã, e até mesmo os sistemas legais vigentes até pouco tempo, respeitavam os fundamentos da fé, como o Direito à Vida e o respeito aos semelhantes, bem como o reconhecimento da família como origem e fundamento ao desenvolvimento da sociedade, afinal, o homem necessita dos seus semelhantes para poder viver, e portanto, se a vida comum não se desenvolve mais, a sociedade entra em colapso. Não queremos impor nossa religião sobre as leis que regem a sociedade, no entanto, é importante reconhecer que as bases constitutivas de nossa sociedade contemporânea tiveram de alguma forma, sua raiz no Direito Natural, estabelecido juntamente com a religião, e portanto, cada vez que a sociedade se afasta destes preceitos, mais relativizada a vida e sua dignidade o serão. O alcance da luta pelo fim da religião e sua influência sobre o Estado, vai muito além de uma liberdade individual, mas perpassa uma verdadeira imposição que contraria a maioria.